domingo, 13 de dezembro de 2009

Assistindo (500) Days of Summer

Então, sem a desculpa de um casamento traumaticamente dissolvido na família – que eu e meus irmãos passamos a vida desejando e nunca aconteceu – sendo casada com o companheiro mais extraordinário que eu achei que fosse possível, tendo saído de todos os meus relacionamentos não com um ex-namorado, mas com um eterno amigo, sendo terapeuta familiar e lidando com todos os níveis de relacionamento – dos eternos enamorados já velhinhos, viúvas, casamentos abalados e desfeitos, adolescentes achando que seu primeiro amor será o último – eu EU! De repente me vi sendo Summer.

E vi, no espelho colocado na telona para mim, o mal que faço às pessoas ao meu redor, que me amam.
Sou seca, sou vazia. Eu simplesmente não acredito no amor. Em nada dessas coisas mágicas e bonitinhas que circundam o conceito. Eu não acredito. “There’s no such thing as love”.

E, a despeito de todo o meu egocentrismo, que faz com que eu escreva aqui sempre só e somente sobre mim, minhas descobertas, meus sentimentos e emoções. O mesmo egocentrismo que me fez acreditar que minha viagem solitária seria um mar de lágrimas e dias enfurnada no hotel e acabou sendo uma semana de curtição e liberdade. Essa mania de fazer introspecções a respeito de tudo e qualquer coisa que me afete emocionamente, que fez achar que o filme foi escrito baseado na minha vida e me deixou com as mãos tapando a boca, cena a cena.

A despeito de tudo isso, foi para Tom Hansen que eu olhei e senti os olhos marejados. As lágrimas que sempre parecem me faltar, e cuja falta me rendeu acusações do tipo “você tem uma pedra no lugar do coração” para os mais divertidos e “eu queria que você chorasse... eu acharia que vc é um pouco mais humana...” para os mais afetados com minha frieza e distanciamento, essas lágrimas voltaram enfim. E confesso que naquele momento não pensei no que poderia escrever ou em como me sinto forte quando guardo para mim meus sentimentos, naquele momento pensei só no “outro”. Todos aqueles que me amam e eu magoei. Naqueles 95 minutos, esqueci dos anos de terapia ouvindo que NÃO SOU responsável pelos sentimento do “outro”. E doeu e chorei. Pensando o que eu fiz da minha vida para acabar nela dessa forma. Pensando no que poderia fazer para diminuir o sofrimento do “outro” depois de tanto tempo exposto a tamanha crueldade.

E, pela primeira vez neste último ano, senti que estava errada. Senti que não tinha razão. Senti que tinha culpa. E não vou mentir fingindo que só pensei nas pessoas que me amam. Pensei também nas pessoas que eu queria perto, mas as afastei e depois o curso natural da vida levou definitivamente para longe de mim, sem ter tempo para que eu me arrependesse, pedisse desculpas, tentasse consertar.

Eu sempre reflito sobre tudo o que me toca e sinto tanto prazer nisso que nunca evito ser tocada. E me sinto um fracasso, quando batalhei tanto para mudar em mim uma característica que não gosto e acabei com uma outra versão da mesma coisa. Eu passei tanto tempo tentando me fechar a essa dor, a ser essa pessoa amarga, tentando parar de buscar amores mágicos, pessoas idealizadas, situações ilusórias. E tudo o que consegui foi convercer-me de que não amo. Muito provavelmente porque não tenho minha situação ilusória, minha pessoa idealizada, meu amor mágico.

Os meus (2887) dias foram sem ele. Eu sinto dor sempre que penso nele. E não consigo parar de pensar nele, no que poderia ter sido... E, quando não estou desesperadoramente pensando em voltar ao passado e reescrever minha história, estou pensando em como mudar meu futuro, fazer com que ele faça parte da minha vida.


Cansei desse texto atribulado, pesado. O filme não tem nada disso. É só a obscuridade em que vivo nos últimos dias que me fazem ver tudo isso. Hoje sou Tom Hansen, com a dor do que ele não pôde ter.

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