quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Hoje já não tenho mais saco pra te perdoar.

Ontem você se roubou de mim, hoje você rouba meu maridinho de mim. Me presenteia sempre com a solidão.

Hoje não tenho mais saco pra jogar.

E definir regras de um jogo besta, que eu sei que vou perder. Nunca fui mesmo de fazer joguinhos, de fazer rodeios, de rodiar, de odiar.

Hoje só não me importo, não tenho mais saco pra me importar.

Ontem ia escrever um poema, falando do amor lindo que vivíamos apesar de tudo o que era impossível. Da beleza, da arte, dos sons e gemidos que só seu corpo provoca.

Hoje não tenho mais saco pra tentar.

E te presenteio com o silêncio e a frieza das palavras bem escolhidas. E te poupo das poesias que você tanto despreza.

Hoje não tenho mais saco pra te amar.

E penso em ficar com meu marido, meus outros amores, minhas paixões fugazes, meus desejos voláteis, meus sonhos friáveis, minhas ilusões perenes, meus amantes platônicos.

Hoje não tenho mais saco pra te desejar.

Por que até o que mais me atrai em você, hoje me dá náuseas. Só de imaginar e portanto, sentir na ausência do sentido, a dor que causa, que poderia, que ainda pode causar.

Te admiro, me apaixono, nos perco.

Eu nem sei por que me fiz isso comigo, contigo, conosco.

Mas hoje não tenho mais saco pra pensar.

Porque todo e cada pedacinho de mim se ocupa em sentir a única coisa que nunca me tornei incapaz, e que meu saco cheio nunca pode reprimir.

Mas só porque não posso evitar.

Um comentário:

  1. Belo texto, achei bem real e bem interessante, como o blog todo (ainda não tive tempo de ler tudo, mas estou dando uma olhada)...

    Me desculpe não ter aparecido aqui, estou sem pc em aqui e está muito difícil, tanto pra postar quanto pra ler na internet...

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